Zero Ora! - Mar Aberto

Vejo… teu corpo é o oceano no horizonte
Navego... eu sou a nau sem rumo nos teus mares
Sou feito de incertezas
Sei as falhas da razão
Eu não sei os teus caminhos - vago sem direção

Desejo... são as cartas que me ensinam tuas rotas
Teus pés... os mares do sul por onde eu me insinuo
A língua... é o meu navio descobrindo os teus mistérios
Curvas... até as dobras do teu gosto em minha boca
Já não são só incertezas
Falhei as falhas da razão
Naveguei os teus caminhos - já sei a direção

Se eu puder navegar por teus mares
Ainda que eu possa naufragar
Ainda que eu me afogue
E se puder ver além das tuas brumas
E alcançar os teus olhos - e desvendar teus segredos

As marcas do teu corpo
São as estrelas que me indicam
Do céu, no meu astrolábio pervertido
Como te alcançar

Joelhos... marcam o fim do hemisfério
Navego as tuas coxas... deslizo em calmaria em tua brisa
Ventre... de onde eu bebo a vida em tua fonte
Pêlos... ilha onde ancoro e deito o meu descanso
Já não sou só incerteza
Já não ligo pra razão
Eu me entrego em teus caminhos - estou na direção

Oriente... navego na pelugem do teu dorso e tua nuca
Ocidente... alcanço o litoral sob os vulcões que são teus seios
Ombros... vampiro esfomeado, me alimento do teu sangue
Boca... pra aprender da tua língua
Se não houver certezas
Nunca houver razão
Ainda assim me atirarei
Em sua direção